Não podia ter sido em melhor dia a divulgação dos prémios do Concurso de Escrita Criativa, da READ ON Portugal, do qual a aluna Açucena Alijaj, do 11.º H, sai vencedora na categoria Língua Estrangeira (Escalão B). Recebe o 1.º Prémio e o seu texto pode ser lido aqui, conforme primeiramente o partilhou, ou no site da RBE, onde se divulgam os resultados:
My Citizen's Compass: finding democracy amidst
turmoil.
As I stand on the cusp of adulthood, sailing at the brink of sixteen
going on seventeen, I cannot help but feel the weight of history pressing on my
shoulders. A history shaped by the struggles and sacrifices of those who came
before me, including my own father, a Kosovar Albanian who bore witness to the
tyranny of Serbia and fought relentlessly for freedom.
And yet, despite the scars that still linger, he emerged from the
darkness with his spirit unbroken. His resilience and determination serve as a
beacon of inspiration, guiding me through the tumultuous waters of adolescence
and into the murky depths of adulthood.
In the dockyard
of ideas, where thoughts collide and opinions intermingle, democracy
flourishes. In my view of the world, dissent is not silenced but celebrated,
for it is the crucible in which progress is prepared. From the quiet whispers
of discord to the thunderous roar of protest, every voice finds resonance in
the prows of democracy.
As I look
out upon the world around me, I cannot help but feel a sense of disillusionment
creeps in. Countries are still at war and conflicts rage unchecked while
lessons from the past seem to fall on deaf ears; Where do I fit in?
I am
grateful to live in Europe, in Portugal, where the seeds of democracy were sown
amidst the mostly peaceful Carnation Revolution. Here, I am lucky enough. I
have the right to participate in the democratic process so many fought and died
to protect.
Yet, even
amid this privilege, I find myself adrift, unsure of where to cast my ballot.
In a landscape dominated by extremism and polarization, where young people are
either detached from politics or too politicised, it's hard to find adults in
power that truly represent my values and beliefs.
Nonetheless,
I refuse to succumb to despair. I may not have all the answers, and the road
ahead may be fraught with challenges, but I am determined to carve out my own
path, guided by the lessons of the past and fuelled by the hope of a better
future.
When I step into the voting booth for the first time, I will do so with
a sense of purpose and determination. For I may be just one voice among many,
but I refuse to grow complacent in the face of injustice. My vote will be my
way of honouring the sacrifices of those who came before me, and of shaping the
world that I want to live in.
It is dawn here. The page is no longer blank. Here's to being almost
seventeen, to the age of possibility and potential. Here's to being a citizen
in a world still at war, where the path forward is uncertain, but where the
North Star of democracy burns bright. Here’s to following a direction marked
not by magnetic poles, but by the principles of justice, equality, and freedom.
Açucena Alijaj, 11ºH
Tradução (gentilmente realizada e cedida pela própria autora):
A minha bússola de cidadania: encontrar a democracia no
meio da turbulência.
Quando estou prestes a alcançar a idade adulta, navegando
no limite dos meus dezasseis anos, quase dezassete, não consigo deixar de
sentir o peso da história a pressionar os meus ombros. Uma história moldada
pelas lutas e sacrifícios daqueles que vieram antes de mim, incluindo o meu
próprio pai, um Albanês do Kosovo que testemunhou a tirania da Sérvia e lutou
incansavelmente pela liberdade.
E no entanto, apesar das cicatrizes que ainda persistem,
ele emergiu da escuridão com o seu espírito intacto. A sua resiliência e
determinação servem como um farol de inspiração, guiando-me pelas águas
tumultuosas da adolescência e em direção às profundezas turvas da idade adulta.
No cais das ideias, onde pensamentos colidem e opiniões
se entrelaçam, a democracia floresce. Na minha visão do mundo, a divergência
não é silenciada, mas celebrada, pois é nesse cadinho que o progresso é
preparado. Desde os sussurros silenciosos do desacordo até o rugido
ensurdecedor do protesto, cada voz encontra ressonância nas proas da
democracia.
Ao olhar para o mundo que me rodeia, não posso deixar de
sentir um certo desencanto a infiltrar-se sorrateiramente. Há países ainda em
guerra e conflitos rugem sem controle, enquanto as lições do passado parecem
cair em ouvidos surdos; e eu, onde me encaixo?
Sou grata por viver na Europa, em Portugal, onde as
sementes da democracia foram plantadas no meio da essencialmente pacífica
Revolução dos Cravos. Aqui, tenho essa sorte. Tenho o direito de participar do
processo democrático pelo qual muitos lutaram e morreram para o proteger.
No entanto, mesmo no meio desse privilégio, vejo-me à
deriva, sem saber onde lançar o meu voto. Numa paisagem dominada pelo
extremismo e pela polarização, onde os jovens estão ou desligados da política
ou excessivamente politizados, é difícil encontrar adultos no poder que
realmente representem os meus valores e crenças.
No entanto, recuso-me a sucumbir ao desespero. Posso não
ter todas as respostas, e o caminho pela frente pode estar repleto de desafios,
mas estou determinada a abrir o meu próprio caminho, guiada pelas lições do
passado e alimentada pela esperança num futuro melhor.
Quando entrar na cabine de voto pela primeira vez, farei
isso com um sentido de propósito e determinação. Pois posso ser apenas uma voz
entre muitas, mas recuso-me a ser complacente diante da injustiça. O meu voto
será a minha forma de honrar os sacrifícios daqueles que vieram antes de mim e
de moldar o mundo no qual quero viver.
Amanhece por aqui. A página já não está mais em branco.
Aqui, quase a completar dezassete anos, na era da possibilidade e do potencial.
Aqui estou eu, uma cidadã num mundo ainda em guerra, onde o caminho a seguir é
incerto, mas onde a Estrela Polar da democracia brilha intensamente. Aqui estou
eu, a seguir uma direção marcada não
pelos polos magnéticos da bússola, mas pelos princípios de justiça, igualdade e
liberdade.
Açucena Alijaj