28.11.24

BALOBÓBORA - UMA HISTÓRIA A QUATRO MÃOS

 Era para ser uma história de Halloween... Acabou por ser uma história com duas metades. A vários níveis! 


  Pelo Clube de Leitura e Escrita, numa tentativa fragmentada de concluir uma oficina de escrita criativa...


 BALOBÓBORA - UMA HISTÓRIA A QUATRO MÃOS

O dia estava escuro. Antevia-se uma noite ainda pior...

Encolhido o mais que podia, na sua palidez habitual, o balão de enfeitar "fingia-se de morto", há muito guardado naquele espaço exíguo, mas totalmente adequado a quem quer passar despercebido.

Não foi o caso.

Primeiro foram os olhos nele pousados. Depois, as mãos, prontas a atacar. Várias. Virado de um lado, virado do outro. Aberto, insuflado. O ventre calculadamente enchido, desfigurado, até na sua acostumada e confortável palidez. Não estava certo! Não o iria permitir! Não seria uma abóbora, por mais que tentassem!

O dia já ia longo. A noite, maior seria. 

Para ali ficou: metade balão, metade... abóbora? Um ser disforme, sem nome e sem valor algum.

Foi então que aconteceu algo inesperado. Uma criança, de olhar atento e sorriso travesso, percebeu a angústia do balão híbrido. “Por que é que tem de ser uma abóbora? E se fosse outra coisa? Algo especial?”

Com dedos pequenos, mas ágeis, a criança começou a dar forma a uma nova ideia. Procurou restos de tecidos e colou-lhe remendos coloridos. Fez-lhe olhos com tampas de garrafas, uma boca com um pedaço de papel dobrado e acrescentou-lhe uma fita brilhante, amarrada ao topo. O balão transformou-se, então, numa criatura fantástica: o Balobóbora!

Os outros, que até então o olhavam com desdém, ficaram maravilhados. Não era apenas decoração. Era um símbolo de originalidade e liberdade. O Balobóbora passou a ocupar o lugar de destaque na festa.

Nessa noite, o híbrido iluminou o espaço com uma luz suave, refletindo as cores dos remendos e brilhando com uma força única. As crianças dançavam à sua volta, e até os adultos, rendidos, comentavam a genialidade da transformação.

O balão, que não quis ser abóbora, escapou ao destino imposto. Tornou-se algo muito maior: um ícone de criatividade, diferença e aceitação.

E assim, viveu a noite mais longa e brilhante da sua existência – não como balão, nem como abóbora, mas como o Balobóbora, único no mundo.

   (Imagem elaborada sem recurso à IA 😏)

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