4.6.24

PARABÉNS, Açucena! Mais um 1.º Prémio!


Odisseia de Pandora, en(caixa)da na História

 

Num Olimpo distante, Zeus, todo-poderoso,

Em fúria, se ergue, como um trovão.

Prometeu, insolente, desafiou o poder,

Dando aos homens o fogo, um feito a temer.

Com olhos em chamas, Zeus, em ebulição,

Engendrou um plano ardiloso.

Encomendando Pandora a Hefesto, encargo moroso.

Pandora era bela, cheia de graça e encanto.

Zeus ofertou-lhe uma caixa, um segredo e tanto.

"Nunca a abra, Pandora, é a minha exigência,

Pois dentro dela, nada seduz, só há desavença."

Curiosa e ousada, mas rendida à tentação,

Abre a caixa e derrama-se a confusão.

Guerra, doenças, males sem parar…

Porém, entre as sombras, um raio a brilhar.

A esperança brota como luz acesa na escuridão.

 

Na aula de história, onde o tempo enreda lições do passado,

O mito de Pandora emerge, despertando-me, ousado.

Uma mulher curiosa, uma caixa proibida, um enigma a decifrar.

Pandora é única, mas replica-se em nós – é ímpar.

 

Na pré-história, quando o mundo era selvagem e vasto,

Pandora, uma mulher das cavernas, recebe um presente nefasto.

Uma caixa de pedra, selada, com mistério ancestral,

Guardando segredos arcaicos, um enigma proverbial.

"Não toque", ecoa o sussurro do espírito da natureza.

Todavia, ela, em transe, abre a caixa rudimentar,

Arruína-se a fechadura, ela esboça um esgar;

com mãos trémulas, sem certeza,

A audácia de Pandora não conhece censura.

E dos confins da escuridão assomam males sem cura.

Fome, doença, predadores famintos à espreita,

Cada mal libertado, com um eco triste a rejeita.

Mas, no âmago da caixa, uma chama a arder,

A esperança, uma centelha, a persistir e a vencer.


Na esplêndida era da Antiguidade,

Pandora, envolta em sua majestade,

Recebe dos deuses uma caixa preciosa,

Repleta de segredos, uma dádiva enganosa.

"Não se atreva!", advertem as divindades altivas,

Mas, a ousadia é como uma chama - cativa-a.

Quebra o lacre e pressente as silhuetas nocivas.

Pandora, com olhos brilhantes - que intensidade! -

Desafia a ordem, ignorando a advertência, de verdade.

A tampa da caixa ergue-se, sem demora,

Os males do mundo são libertados e tudo piora.

Contudo, no centro da caixa, uma chama a reluzir:

A esperança, mesmo diante do caos, a persistir.

 

Na era medieval, temerosa e sombria,

Pandora, uma donzela, recebe uma caixa por cortesia.

Guardiã dos segredos num castelo antigo,

O desvelo, como fogo, abrasa-a, possessivo.

"Não descerre", sussurram os senhores do alto.

Pandora acaricia o tampo, sente um sobressalto.

Contudo, a tentação brilha, nos olhos de cobalto.

Com mãos trémulas, a tampa ergue, o rosto soleva,

E os males do mundo antigo irrompem, sem trégua.

Doenças, guerras, fomes e prantos sem par,

Cada mal libertado, como um lamento a ecoar.

Mas, no fundo da caixa, uma luz a brilhar:

A esperança, imersa em desespero, começa a vigorar.

 

Na era da máquina e do vapor incessante,

Pandora, uma operária, entreolha um presente.

Uma caixa metálica, fechada com atavios,

Repleta de ferragens, mistérios e desafios.

"Não mexa", sussurram vozes na fábrica inclemente,

Mas, o atrevimento de Pandora é uma força ardente.

Sacode a caixa, solta-se um silvo, liberta-se o ar.

Poluição, exploração, desigualdade a alastrar,

Cada mal libertado, como fumaça a pairar.

Das ruas escuras, surgem males reprimidos,

A exploração, a injustiça, a cobiça – todos permitidos.

Porém, entre as engrenagens, na contraluz,

Vislumbra-se a esperança que, ousadamente, reluz.

 

No agrume das trincheiras, no retumbar das armas,

Pandora, uma enfermeira, enfrenta mágoas e dramas.

Uma caixa de metal, selada com medo e cativeiro,

Guarda os horrores das guerras, um enigma derradeiro.

"Não abra", sussurram espíritos dos caídos em batalha,

Mas, a intrepidez de Pandora é como uma navalha.

Como lume absorvendo um fardo de palha.

Ela abre a caixa, libertando os horrores da carnificina,

E os males das guerras assolam-na, como uma sina.

Dor, tortura, morte e destruição, marcham e marcham,

Os males libertados são espectros que pairam.

Mas, no cerne da caixa, uma chama que brilha,

A esperança pulsa na escuridão, deixa uma trilha.

 

Num mundo moderno, de avanços tecnológicos,

Pandora, agora uma jovem de olhos atónitos,

Recebe um presente digital - uma caixa virtual -

Cheia de promessas e perigos, em nada banal.

"Não exponha", adverte o deus digital,

Mas a audácia, como sempre, é imortal.

Com a mão retesada, como num ritual,

Pandora clica, a caixa ilumina-se, sem hesitar,

Os males do mundo virtual começam a brotar.

“Malware”, “hackers”, “trolls” e “spam” emergem sem parar

“Chats” de redes sociais inundam-se de ódio, a disparar.

Mas, entre as trevas da internet, uma conexão brilha,

Há esperança, uma ligação verdadeira que se partilha e vigia.

 

Na aula de história, onde o tempo enreda lições do passado,

Pandora ressurge, en(caixa)-se - um mito sempre renovado.

Impulsiona a energia que a curiosidade invoca.

Lembra-nos que a esperança nunca morre e tudo suporta.


                                                                        Açucena Alijaj, 11.ºH 


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