8.12.21

Carta para a minha avó (à maneira de Saramago)

  No passado mês de novembro, a propósito do início das comemorações do centenário de José Saramago, partilhamos aqui a leitura da "Carta para Josefa, minha avó". E, entre outras, foi lançada uma proposta aos alunos do Clube de Leitura e Escrita da ESRT: escrever uma carta à maneira do autor.
  Aqui estão quatro belíssimos resultados. 



Carta para a minha avó Adelaide 

 

    Tens 74 anos, mas és jovem. Jovem em espírito, em mente e em palavra. Fazes sorrir e chorar com as letras que saem dos teus lábios carnudos. Lábios que beijaram a minha testa quando ardia, mãos que me abraçavam quando dormia, e um coração que envolvia o meu corpo numa aura de amor.  

    Nos teus olhos situa-se a mais bela luz que já vi, despertada por entre um turbilhão de vidas. É verde dos prados que lavraste, com o suor a escorrer do teu pescoço; saco de batata em guiso de casaco para te proteger da chuva. É dourado do sol que queimou a tua pele enquanto o rebanho, guiado pela tua voz, corria pelos prados, alheio à matança que os esperava. É castanho, dos hematomas da tua pele provocados pelo teu pai que, embebedado, te açoitava. É carmim, do clamor da tua voz que, ainda miúda, gritava “Acudam! Acudam!” a quem ousasse ouvir, enquanto a tua pobre mãe sofria no cubículo que partilhavas com mais sete dos teus. É branca, de quando te escapaste da prisão do teu seio, rumo à liberdade do desconhecido. É azul, da primeira vez que contemplaste o mar, já em idade adulta, fascínio que irradiava dos teus poros.  

    Nos teus olhos situam-se vidas que cabem numa, e uma que cabe em muitas. Situa-se o teu sofrimento, a tua bravura, o teu amor, a tua paixão. Desilusões até mais não e amores sem fim. Pedra num coração envolto em seda de marfim.  

    Agora, sentada em sofás de veludo, depois de uma vida de lutas intermináveis, fugindo de homens que te enfraqueceram, com um só a teu lado - aquele que te amou - contas-me histórias da tua juventude, uma que vejo como um conto de fadas que teve um «Era uma vez» triste, mas cujo livro terminou com «viveram para sempre» feliz.  


                                                                                             Sara Costa10º Q 



Carta para Cleudes, minha avó


    Cara avó, já é idosa. Nunca sei vossa verdadeira idade, para mim parou nos 65, me recusando a acreditar que envelheceu. Estamos separadas por um oceano de distância, percorrendo infinitas águas, mas me sinto tão próxima quanto algum dia já fui. Lembro-me da senhora tão alegre que regozija minha alma, quando acorda todos os dias às 5 da matina para alimentar suas crias, quando vai até ao rádio às 8 horas para rezar sua missa e orar por todos os seus. Seus cabelos grisalhos e raros, presos em um “diadema”, suas mãos calejadas da vida, mas tão firmes quanto um machado e suaves como uma flor. 

    Sua inteligência tão vasta, mas ao mesmo tempo pequena, conhece sobre remédios, natureza, animais, recita cantigas e histórias, conhece de felicidade e de amor. Sabe cozinhar tão bem! Conhece todos os temperos do mundo, mas não entende de política e economia, não sabe ler. Ciências, física, química não existem para si; filosofia, sociologia e religião são as que criou para si própria, mas mesmo com tudo isso continua sendo a mulher mais fascinante e incrível do mundo. E o que será a inteligência sem a humanidade dentro dela? 

    Já vê o mundo há mais tempo que nós, e mesmo com toda a sua maldade e crueldade ainda se entristece quando acontece uma catástrofe, quando alguém morre ou quando alguém rouba. Não se deixa abater pela desumanidade à sua volta e permanece sempre rindo e contando suas piadas. Seus olhos são divertidos e sinceros, e, com toda minha humilde sinceridade, não compreendo como uma mulher com todo o passado de luta em uma vida consegue ser tão leve como uma brisa. Lembro-me claramente de todas as vezes que vai para a rua e volta com balas de café. O mundo aos seus olhos parece tão descomplicado e elegante! Às vezes me pergunto se é sempre assim, se por dentro a senhora não sente todo o peso de uma vida a cansando, se não tem um súbito desejo de largar tudo e explorar o mundo como uma aventura que sempre faz parecer. Desde que nasci, anda sempre em uma única vida, acordando, comendo, cuidando dos filhos e netos que moram consigo e coscuvilhando na cadeira em frente sua casa sobre a vizinhança. E o mais impressionante em tudo é que mesmo com a monotonia faz parecer que todo dia é um dia diferente e magnífico, que as coisas tão banais são sumptuosas, então realmente me pergunto se é assim que encara a vida, ou se na verdade tenta disfarçar tantas batalhas vividas. 

    De qualquer forma, lembro-me de suas histórias, da comida que sua mãe fazia, das vezes que carregou oito descendentes em sua barriga, da dor que deve ter sentido quando perdeu um de seus filhos, da forma que se tornou mãe de mais sete do “seu bem”, criando então catorze filhos lindos e saudáveis. Lembro-me da manga que meu avô lhe deu quando estava grávida, lembro de sua comida, de seu feijão que nem o melhor chefe do mundo consegue superar, das noites em que assiste suas novelas e xinga todos os atores.  

    Leva uma vida simples, mas regada de um encanto que não compreendo. Me alegro ao saber que seus netos carregarão todas as suas lembranças, assim como eu e oro a Deus todas as noites para que possamos ter mais momentos com a senhora, antes de nossas vidas se tornarem tristes e densas, quando finalmente percebermos que o mundo não é tão fantástico quanto faz parecer. E, sendo franca, temo por isso, quando por fim acontecer. 


                                                                                          Yasmin Méndez Monjardim, 12ºG 




Uma Carta para a minha avó Alda 

  Querida Avó, 

  Já tens 77 anos, mas és uma pessoa trabalhadora e atenciosa, já viveste de tudo na tua vida e estás sempre a contar histórias do teu passado deslumbrante. 

  Acordas todos os dias às sete da manhã para cuidar da tua horta, da tua pequena casa e dos teus animais. Sempre foste bastante atenciosa com as tuas vacas, galinhas e porcos, nunca os deixaste passar necessidade, sempre cuidaste muito bem deles. 

  Coser e cozinhar foram as tuas paixões desde sempre. Cozinhas mesmo muito bem e os doces que fazes são impecáveis. Nunca deixaste alguém passar fome com as tuas farturas. Já a coser também és impecável. Quando eu rasgava alguma peça de roupa, remendavas e ficava como nova; quando eu tinha frio, tu fazias-me umas meias de croché super quentinhas e aconchegantes. 

  Tens um problema na coluna e na perna, que às vezes te dificultam na realização de algumas tarefas, mas nunca desistes de as fazer, porque és uma pessoa bastante persistente e motivada e nunca te abalas quando não consegues fazer algo. 

   Tu é uma das minhas maiores inspirações, pois a tua persistência e perfeição são as tuas características mais deslumbrantes, e agradeço por estares ao meu lado até aos dias de hoje. Nunca me imaginaria sem ti. 

 Adoro-te Avó. 

                                                                                                                 Inês Gomes, 7ºB


Carta para a minha avó Leonilda

    Leonilda. Um nome que me remete para a palavra carinho. A tua madrinha escolheu-o de um romance que estava a ler na época, e com ele ficaste. Realmente, o gosto pela leitura sempre esteve enraizado na nossa família. A minha mãe mostra-me alguns livros antigos teus e adoro passar as mãos pelas suas lombadas volumosas e desgastadas, ler as dedicatórias e todas as marcas que neles deixaste.

    Tens quase nove décadas. Nove décadas de trabalho árduo e de amor. Os teus olhos são verdes, temos isso em comum, mas de quem os herdaste não vem nada de bom. A tua pele é branca, enrugada pelo tempo e suave ao toque. As tuas mãos, igualmente enrugadas, estão sempre frias, mas não me importo, pois posso sempre aquecê-las.

    Perdeste o teu pai aos 5 anos, uma idade cruel para perder uma figura tão querida e importante, mas tens memórias dele, ao contrário das tuas irmãs mais novas. Com apenas uma mãe para vos sustentar, foram divididas. Tu foste para um orfanato, a tua irmã do meio foi para um convento, e a mais nova ficou com a vossa avó. Tinhas também um irmão, mas este faleceu apenas com um ano de idade.

    Sabes ler e escrever. Mas para ter essa educação, passaste uma infância sem amor de mãe. Será talvez por isso que tanto amor dás aos teus filhos e netos, o amor que nunca tiveste.

    Já mais velha, tiveste a oportunidade de te tornares uma professora no orfanato em que passaste a infância e adolescência, mas recusaste. Talvez por não quereres passar mais tempo naquele lugar. Foste viver com os teus padrinhos, mais tarde casaste e tiveste quatro filhos.

   Eu fui a tua última neta a nascer. Sempre tive um enorme carinho por ti e lembro-me de todas as vezes que estava doente, em casa, e esperava ansiosa pela tua companhia, que me fazia esquecer logo o que me incomodava.

   Agora já não te lembras claramente de mim, mas quero agradecer-te por tudo e dizer que te adoro daqui até á lua.

   Da tua neta mais nova,

   Patrícia Alexandra Brás (Pereira) Santos.

                                                                                Patrícia Santos, 10,Q 

 

30.11.21

NOVEMBRO NA BE

 Chegados ao final deste mês de novembro, é tempo de rever alguns dos momentos vividos na nossa Biblioteca.




29.11.21

Reportagem do Dia da Filosofia

Um excelente trabalho realizado pelos nossos alunos!

Dia da Filosofia


     No passado dia 16 de novembro, a turma do 11ºC da Escola Secundária de Rio Tinto preparou uma atividade de reflexão filosófica a dinamizar com os alunos do 9.º D, no âmbito do Dia da Filosofia. 
    A atividade teve início com o visionamento da curta metragem “Cuerdas” que conta a história de Maria e Nicolas, duas crianças que vivem num orfanato. Maria é uma menina divertida e perspicaz enquanto Nicolas é um menino com paralisia cerebral. A história mostra de uma maneira sensível como Maria, ao contrário dos colegas, se aproxima do rapaz incluindo-o nas suas brincadeiras. 
    Após o visionamento da curta metragem, os alunos foram confrontados com o significado da expressão “responsabilidade pelo outro”, à qual associaram palavras como "empatia", "solidariedade", "amizade", "respeito", "humano", entre outras. De seguida, a turma tentou responder a algumas perguntas como, por exemplo, “O que significa ser responsável por alguém?”, “O que levou a Maria a tratar o menino daquela forma?”, “Se estivesses na situação da Maria farias o mesmo?” ou “Devemos ser responsáveis pelos outros?”. 
    "Saudade", "memória", "amigos para sempre" ou "marca para vida" foram algumas das palavras e expressões que os alunos mais jovens associaram ao facto de a Maria ter guardado uma das cordas que usava para brincar com Nicolas. 
     Para finalizar a atividade, a turma do 9º ano foi desafiada a escrever uma frase sobre o tema “Aceita a diferença” em que surgiram frases interessantes como “Não somos todos iguais, mas todos temos o nosso valor”. 

                                          Reportagem realizada por: 
                                         Ana Ferro, Ana Cardoso, Ana Sofia Pereira, Carolina Costa,                                                                   Catarina Cunha, Diogo Loureiro, Francisco Monteiro e Maria Silva.


19.11.21

"As bruxas atrasadas" - Halloween fora do tempo

 "As Bruxas Atrasadas"- trabalhos realizados no Centro de Apoio à Aprendizagem da Escola Secundária por alunos com medidas adicionais, através do reaproveitamento de materiais

   Não podíamos deixar de partilhar! Agradecemos aos alunos e aos professores envolvidos. É sempre tempo de aprendermos juntos. 





18.11.21

DIA MUNDIAL DA FILOSOFIA

 Hoje, dia 18 de novembro, a nossa Biblioteca não poderia deixar de assinalar o Dia Mundial da Filosofia. Agradecemos aos alunos do 11ºH os marcadores de livros e à aluna Sara Costa, do 10ºQ, a partilha do seu texto tão bem escrito e pensado.

  (Painel realizado em anos anteriores e recuperado da Learning street.)

     (Marcadores de livros elaborados pelos alunos do 11ºH e disponibilizados na BE.)

De que forma a Filosofia nos pode ajudar a ter uma relação mais saudável e consciente com as redes sociais?

Para compreender de que forma a Filosofia nos pode ajudar em relação às redes sociais é primeiro necessário saber em que consiste cada um desses conceitos. Não é fácil definir o que é a Filosofia, mas esta pode ser descrita como a análise lógica e racional de tudo o que é relevante para a existência humana, individual e coletivamente, com base na compreensão do ser e do universo, ou seja, tenta responder a questões ou problemas realizadas pelo Homem, sem que estas, contudo, fiquem completamento solucionadas, sendo que dependem de diversos pontos de vista. As redes sociais, virtualmente falando, são sites e aplicações que podem operar tanto a nível profissional como a nível de relacionamentos, mas sempre permitindo o compartilhamento de informações e/ou valores entre diferentes pessoas. A liberdade, relevante também para este tema, pode ser definida como o direito de um indivíduo proceder conforme lhe apetece, desde que esse direito não vá contra o direito de um outro indivíduo ou da lei.

Como é possível verificar no quotidiano, as redes sociais passaram a fazer parte da vida de uma grande parte da população mundial, influenciando os seus costumes, hábitos, pensamentos e opiniões. Isto pode ser visto como uma vantagem, apesar de ter também, evidentemente, inúmeras desvantagens.

Vejamos assim: de uma maneira geral, é natural seguir-se as tendências. Tenhamos como exemplo o slime, uma matéria viscosa bastante popular uns anos atrás, que servia de divertimento. O seu uso viralizou rapidamente nas redes sociais, principalmente no instagram. Em pouco tempo, inúmeras crianças possuíam uma caixinha com slime, ou pelo menos desejavam ter, visto que tinham sido profundamente influenciadas por estas. De uma maneira geral, estas aplicações serviram de propaganda ao produto que, neste caso, era inofensivo. Tenhamos agora por exemplo um caso mais crítico. Durante o período da quarentena, viralizou um desafio no tiktok e instagram que consistia em construir uma escada de caixas de cartão ou plástico e conseguir subi-las sem cair. Obviamente, o mais popular seria quem conseguisse fazê-lo com as escadas mais altas. Influenciados pelos muitos vídeos desse desafio, imensos utilizadores tentaram realizá-lo. Houve muitos casos graves de pessoas que se magoaram ao tentar realizar isso, caindo das caixas e torcendo ou até partindo partes do corpo. O desafio atingiu proporções tão grandes que as autoridades francesas proibiram a realização e propaganda desse desafio em qualquer meio social.

A filosofia, como análise crítica de situações, ajudaria a analisar cuidadosamente o desafio. Valeria a pena realizá-lo para atingir popularidade? O que é ser popular? Que fama pretenderia obter? Valeria o risco de injúrias essa popularidade? Que riscos é aceitável correr? O que é um risco? Ou até, a felicidade obtida com esse desafio compensaria as injúrias que poderiam ocorrer?  Far-me-ia feliz? O que é ser feliz? Que benefícios me traria o desafio? Com um exemplo tão trivial é possível observar a importância da Filosofia, até nas mais simples situações quotidianas. A análise crítica desse desafio, em vez da cegueira da pequena fama que poderia ser alcançada, poderia ter evitado esses acidentes.

Em relação às opiniões e à liberdade de expressão, a filosofia é uma vez mais uma mais valia. As redes sociais são bem conhecidas pela liberdade de expressão que lhe é associada. É possível encontrar opiniões construtivas, ofensivas, ou triviais em qualquer meio social. São também conhecidas pelo ciberbulliyng de que tantas pessoas sofrem, influencers ou não. Apesar da liberdade oferecida em relação a determinado tipo de comentários, é necessário pensar sobre o impacto que estes terão. Criticar construtivamente ajudará a pessoa a crescer, criticar ofensivamente marcará profundamente. Críticas que podem ficar na alma da pessoa só pela sua maneira de vestir, de dançar, de jogar, de exercer a sua religião ou simplesmente de ser. É então necessário pensar, que impacto terão as minhas palavras sobre essa pessoa? Valerá a pena exprimir esta opinião? Apesar da liberdade de expressão estar aberta a todos e de caber a cada um definir e examinar os seus valores, há que ter em conta o impacto que isso causará.

A Filosofia ensina-nos não só a raciocinar sobre questões relacionadas com o mundo em si, mas também relacionadas com os nossos valores, a forma como interagimos com as pessoas e o impacto que o que nós fazemos pode ter sobre o mundo ao nosso redor. Atualmente isso é muito realizado através das redes sociais, daí a importância de saber lidar com estas e com tudo o que as implica.

                                                                                         Sara Costa, 10º Q


16.11.21

ÁLVARO CORDEIRO | CARTA PARA JOSEFA (texto: José Saramago)


No dia em que Saramago faria 99 anos, e em que se inicia a comemoração do seu centenário, partilhamos uma leitura de um texto belíssimo da sua autoria.

15.11.21

QUADRAS DE S. MARTINHO

 E, conforme prometido, aqui partilhamos algumas das quadras mais sugestivas deixadas no nosso assador de castanhas. Foram bastantes! Que bom que participaram!









11.11.21

Comemoração do S. Martinho

  Chegou o dia! A proposta mantém-se. Ainda é tempo de escreveres uma quadra e de a depositares no assador de castanhas à entrada da Biblioteca.    



 Hoje é dia de S. Martinho,

É tempo de festejar!

Com uma quadra e bom vinho,

 Que as castanhas estão a assar!

    



3.11.21

SARAMAGO - 100 (sem?) anos

 As comemorações do centenário de José Saramago começam em novembro de 2021 prolongando-se até 16 de novembro de 2022, dia de aniversário do escritor. Durante doze meses teremos o privilégio de festejar o escritor e a sua obra. E no espaço da nossa Biblioteca dedicamos-lhe um lugar de destaque.



27.10.21

Outubro na BE, na ESRT

Outubro foi mês de comemorações na Biblioteca Escolar, na ESRT. Comemorou-se a leitura (Sempre!), comemoraram-se autores (Prémio Nobel da Literatura, Prémio Camões...), comemorou-se o MIBE (Mês Internacional das Bibliotecas Escolares), este ano subordinado ao tema "Contos de Fadas e Contos Tradicionais de Todo o Mundo". Fizeram-se apresentações e exposições, que o Halloween está aí à porta!




 

25.10.21

DIA INTERNACIONAL DAS BIBLIOTECAS ESCOLARES

Porque hoje é o dia... 
Ouviram-se histórias, leram-se textos, apreciaram-se imagens... 
Viajamos juntos pelo mundo das palavras...
Aqui, na nossa Biblioteca!









19.10.21

"A BE apresenta-se!"

 Tivemos duas semanas bastante intensas na nossa Biblioteca. Uma a uma, as turmas de 7º ano e as turmas de 10º ano (quase 20!) vieram à BE/CRE, acompanhadas pelos seus professores.
Vieram visitar o espaço, ver as exposições, conhecer os serviços e os recursos disponibilizados, aprender a pesquisar no catálogo (tutorial em "Documentos") e a encontrar um livro nas estantes. 


Falamos de CDU e de Cotas. 

Falamos de pesquisa, de leitura e de informação. 




Comemoramos o MIBE e o facto de estarmos de volta!






1.10.21

OUTUBRO - MÊS INTERNACIONAL DAS BIBLIOTECAS ESCOLARES

     Inicia-se hoje o mês de outubro e com ele o Mês Internacional das Bibliotecas Escolares, este ano com o tema "Contos de Fadas e Contos Tradicionais de Todo o Mundo".
    Vem comemorá-lo na nossa Escola, com a nossa Biblioteca!



22.9.21

ESTAMOS DE VOLTA!

   A Biblioteca / Centro de Recursos da Escola Secundária de Rio Tinto junta-se ao PNL para desejar a tod@s um bom regresso, um ótimo ano e excelentes leituras!



8.6.21

Concurso “O Melhor Tabuleiro de Jogo” - Programa CenturiumÒ MMXXI

Alguns alunos com medidas adicionais construíram, no Centro de Apoio à Aprendizagem (CAA) da Esc. Sec. Rio Tinto, um tabuleiro adaptado para a realização do Jogo do Moinho. A ideia nasceu a partir de uma formação do Projeto CenturiumÒ, uma Plataforma de Jogos Romanos de Tabuleiro que aposta na gamificação para o envolvimento dos alunos e promover a flexibilização curricular. Nessa formação participaram docentes de vários grupos disciplinares do AERT3.

A construção do tabuleiro, adaptado a partir de uma caixa de vinho do Porto foi orientada pelos professores de Educação Especial Lurdes Vieira, Helena Pereira e Rui Silva e permitiu maximizar o trabalho de diferentes competências (escrever, ler, recortar, colar) e cruzar conhecimentos de diversas áreas (matemática, leitura, escrita, história) ao serviço do mesmo objetivo final, o tabuleiro.

O docente Rui Silva (CAA) materializou num vídeo a expressão dessa mobilização de conhecimentos e competências levada a cabo por diferentes alunos e professores, tendo-o submetido ao Concurso “O Melhor Tabuleiro de Jogo”. Este trabalho é representante do nosso Agrupamento de Escolas no contexto do Programa CenturiumÒ MMXXI, em que participam Escolas dos Concelhos do Porto, Braga, Vila Real e Gondomar.    




24.5.21

Caligrama ou Poema Visual

Este é o resultado fantástico de uma proposta de trabalho da Professora Alice Granginho a uma turma do 7º ano.

Caligrama ou Poema Visual apresentado:



Mas afinal o que é um caligrama?

O termo caligrama, que vem da palavra francesa “calligramme” e refere-se a um texto que, graças à organização das letras, também é formado como um desenho. Combinando assim a poesia com a representação gráfica.

Os caligramas também podem ser designados como poemas visuais quando as palavras criam uma imagem que expressa visualmente o que as próprias palavras mencionam.

E este caligrama ou poema visual ficou espetacular, não ficou?





17.5.21

My Creative Materials

 



Desde que na escola FMSI se iniciou o desenvolvimento dos projetos eTwinning, que a BE da ESRT tem estado presente para ver crescer estas iniciativas que tanto conhecimento e desenvolvimento intelectual e pessoal trazem aos nossos alunos! 

Este é mais um projeto que não podíamos deixar de partilhar, uma vez que pretende desenvolver materiais adequados à faixa etária dos alunos dos parceiros (AERT3, Espanha, Roménia e Turquia), com vista a facilitar a integração do currículo nas atividades letivas, assim como o treino das competências previstas no PASEO. 

As atividades são diversas e passam pelas Ciências (experiência das cores primárias/secundárias, com a produção do respetivo relatório), pela escrita de pequenos textos (a propósito de um cientista selecionado), assim como a exploração do vestuário adequado a cada estação (tudo com a utilização e aplicação de vocabulário em língua inglesa). 

A consolidação dos conceitos através de jogos digitais vai também ser trabalhada, nomeadamente, na construção de mapas mentais e conceptuais.

A página pública do projeto My Creative Materials pode ser acedida em https://twinspace.etwinning.net/156260/home

Bom trabalho!


14.5.21

Oficina de Escrita Criativa

 

“Devíamos ser todos irmãos”.» 



Na aula de Português do 7.º D, no passado dia 26 de abril, os alunos foram desafiados pela professora Alice Granginho, a escrever um texto narrativo que deveria terminar com o seguinte excerto do Diário de Sebastião da Gama: «E etc. Neste etc. ia um apelo do Poeta - do mais fundo, do mais humanamente bonito do Poeta: “Devíamos ser todos irmãos”.» 

 


Eis alguns dos textos escritos pelos jovens escritores. Boa leitura!

 

 

 

            Num belo dia de primavera, em que o céu estava azul como o mar, eu estava a passear por um jardim florido. Os passarinhos chilreavam como uma música calma. 

            Lá continuava eu a passear até que vi um senhor vestido com roupas velhas, com a camisa furada pelas traças, os sapatos com a sola descolada e um chapéu sujo e roído pelos ratos, colocado na beira do passeio de cimento. Reparei que ele tinha uma guitarra que vibrava uma música mais calma do que o vento. Ele não tinha muito bom aspeto, mas decidi aproximar-me, enlevado pela melodia. Quando me viu, ele disse-me: 

- Olá, meu jovem, poderias dar-me uma esmola? 

- Sim, posso, mas, além disso, hoje vou levá-lo à barbearia e a um restaurante. Depois, vamos dar um passeio por esta bela cidade. 

            Ele aceitou e ficou todo feliz, como se fosse uma criança a receber um brinquedo muito desejado. 

            Uma vez que ele aceitou a minha proposta, passamos juntos uma boa parte do dia.  Durante o caminho, ele foi-me contando a sua história de vida. Foi por pouco que não me emocionei e não senti as minhas lágrimas salgadas a escorregar pelas minhas feições. 

Eu achei-o um senhor muito humilde, mas bem-disposto. No final deste belo dia, quando o sol tão laranja como o fruto se ia pôr, ele cantou-me uma canção cujo poema versava sobre a vida... 

«E etc. Neste etc. ia um apelo do Poeta - do mais fundo, do mais humanamente bonito do Poeta: “Devíamos ser todos irmãos”.» 

 

 

Rodrigo Silva

 

Os três poetas 

 

            Há alguns anos, conheci três poetas. Dois deles eram parecidos, mas o terceiro era completamente diferente, uma joia em pessoa. Em vez de se preocupar consigo, só queria o bem e a paz para todos. Escrevia e escrevia para tentar transportar as pessoas para um mundo melhor. Chamava-se Carlos. 

            Num dia de sol, encontrei-os a todos sentados no parque a redigirem poemas. Cheguei-me à beira deles e perguntei se podia espreitar o que escreviam. Após ler os três poemas, os companheiros de Carlos perguntaram-me: 

            - Qual é o que está melhor? 

            - Bom, para mim, há um poema que se destaca vivamente! Faz-nos sentir nas nuvens. É como se fosse um pequeno diamante, que ilumina cada vez mais a nossa vida! Tem rimas muito elaboradas, com recursos expressivos e sensações emocionantes. Os seus fios unem-se mais cada vez que o relemos. Esse poema é o do Carlos. – disse eu. 

O Carlos corou, porém, os outros dois ficaram com ciúmes. Levantaram-se, pegaram no poema dele e rasgaram-no. O Carlos olhou para mim. Deu para perceber a tristeza que ia no seu coração e no seu olhar. Eu conseguia ler o seu pensamento… Apesar da tristeza profunda, sobressaíam o perdão, a esperança na mudança,…

«E etc. Neste etc. ia um apelo do Poeta - do mais fundo, do mais humanamente bonito do Poeta: “Devíamos ser todos irmãos.”»

 

Luciana Pinto

 

 

Apelo do Poeta 

 

Há muitos, muitos anos, estava eu e o meu amigo que decidira ser poeta num cenário de grande infelicidade. Era o pior cenário que se pode imaginar: cheirava a queimado, ouviam-se explosões, flechadas, espadadas, via-se destruição, ódio, que nem durante a noite acalmavam. 

Eu, que era médica, trabalhava 24 sobre 24 horas num hospital, só para conseguir salvar meia dúzia de pessoas. Às vezes, passava uma semana sem conseguir salvar ninguém. Uma tristeza! Dissemos então: 

- Este mundo vai de mal a pior! 

- A quem o dizes, minha amiga! 

- Já no hospital, aquilo parece um pesadelo: gritos dos familiares das vítimas por todo o lado, dor, sofrimento.  É horrível! E tu? Que me contas? 

- É impressionante como estas situações mudam tudo. Eu sento-me na minha mesa, como de costume, para escrever um poema e não consigo pensar em coisas felizes para versejar! 

- Pois…  Acredito! 

- O mundo seria melhor se todos nos ajudássemos uns aos outros. Haveria paz, harmonia. Diminuiria a pobreza, acabaria a fome, haveria convívio e, consequentemente, um sorriso na cara das pessoas. Não uma cara de desespero e de tristeza como as que vemos. Mas, hoje em dia, as pessoas só têm ódio, sede de poder, desejo de riqueza, vontade de serem superiores aos outros, provocando a guerra… Tudo ao contrário do que se procura numa pessoa com um interior bonito… 

            «E etc. Neste etc. ia um apelo do Poeta mais fundo, do mais humanamente bonito do Poeta. Devíamos ser todos irmãos.”» 

Érica Cardoso

 

 

            E lá ia eu a caminho da rua onde costumava tocar. As caras desanimadas das pessoas quase que me enfraqueciam. Não se ouvia nada na rua. Estavam todos chocados com a ameaça de guerra que o presidente havia feito no dia anterior. Todos, menos o poeta. 

            Passava por onde ele trabalhava todos os dias e até as flores tinham murchado e os faróis dos carros pareciam olhinhos tristes. O cheiro a fumo das fábricas parecia ainda mais forte. O vento cortava a pele em vez de ser refrescante. Os prédios altos eram como grades. 

            Porém, parecia que nada afetava o poeta. Ele continuava à frente do centro comercial a recitar poemas de que gostava e cumprimentava todos: 

            -Olá, Sr. Engenheiro! Teve um bom dia? E o seu filho?  

De repente, virou-se para mim. 

- Olha o meu companheiro, o outro artista! 

            - Bom dia. Não viste as notícias? - perguntei. 

            - Vi, sim, mas a minha arte fala por si. Não vou desanimar. 

            E continuei o meu dia. 

            Passadas algumas semanas, ele partiu para a guerra. Percebi, então, que ele havia deixado uma carta no seu chapéu:

“Deixo este local, meus amigos, com o meu coração apertado. Era tão bom se houvesse paz. Queria eu! Devíamos ser todos companheiros e devíamos ser pacíficos. Devíamos ser amigos e devíamos amar o próximo”. 

            «E etc. Neste etc. ia um apelo do Poeta - do mais fundo, do mais humanamente bonito do Poeta: “Devíamos ser todos irmãos.”»

 

 

 Helena Ferreira