Na passada sexta-feira, dia 30 de maio, a Biblioteca Escolar e o Clube de Leitura e Escrita, associaram-se ao Clube de Ciência Viva da ESRT e participaram na Feira das Ciências.
Em mostra, estiveram livros do nosso acervo, para divulgação e consulta, bem como textos criativamente elaborados por membros do CLE que responderam ao desafio e colocaram ciência nas suas palavras.
Com Batas, Com Batom, Com Bravura
No princípio, era a interrogação.
E havia silêncio nas salas dos sábios.
As mulheres varriam o chão da razão,
com olhos acesos e mãos ocupadas
a medir o mundo por entre tarefas invisíveis.
Mas nunca deixaram de perguntar.
Foram elas…
as que misturaram saber com coragem
nos tempos em que ciência era só coisa de cátedra e gravata.
Bruxas, curandeiras, parteiras com doutoramento empírico,
as que sabiam mais do que diziam
porque sabiam que dizer… era perigoso.
Elas ouviram o ritmo da célula
como quem ouve o mar dentro de uma concha.
E escreveram equações
com a mesma paciência com que se tece um enxoval.
Os homens erguiam catedrais de certeza.
Elas semeavam dúvida fértil,
colhiam dados, olhavam devagar,
e chamavam à ciência - gesto.
Maria de Sousa ouviu os murmúrios do corpo
e falou com os linfócitos como quem consola um filho.
Elvira Fortunato pegou no papel — coisa de embrulho —
e fez dele futuro,
porque sabia que inovação também se escreve à mão.
Joana Osório, com serenidade de jardim interior,
desvendou os labirintos da dor
sem perder o caminho da ternura.
Elas foram muitas…
como raízes sob a terra dura,
como marés que não se veem,
mas movem continentes.
E quando lhes perguntavam:
“Mas tu és cientista mesmo?”
sorriam.
A ironia era o seu bisturi.
Não gritavam. Mas persistiam.
E a verdade acabava por ceder.
Agora, no século que se anuncia,
elas não entram nos laboratórios — pertencem-lhes.
Sabem o nome das estrelas,
o peso dos elementos,
e o modo exato como a luz dobra à entrada da água.
São filhas da razão e da esperança,
irmãs da poesia e da física.
Sabem que estudar é também resistir,
e que descobrir
é uma forma de amar o mundo.
Açucena Alijaj, 12.ºH

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